7º Caderno

Ouro, tesouro de inveja e cobiça
Desperta um olhar de malícia
Quem obtém, ostenta o poder
Promovem guerras, pra se favorecer

Terras, que sofrem com esta ambição
Crianças com armas nas mãos
Um filho se vai, um pai que não vem
Em quem confiar? Recorrer... Mas a quem?

Segue em massa a destruição
A paz “aqui jaz” sem compaixão

Ouro branco colombiano
Ouro preto iraquiano
Não se menciona os quilates
Para comprar ou vender
Ouro branco colombiano
Ouro preto iraquiano
Ambos envolvem dinheiro
E fazem o povo sofrer

De olhos fechados e braços abertos
Minha alma canta
Sob a bênção de todos os santos
Me tornei poeta
O samba me deu a missão
De não ser uma simples peça
Nas graças da inspiração
Levo alegria ao meu povo
Essa é a minha promessa

A cada verso que escrevo
Percorre meu corpo inteiro
Até nascer para o mundo
E não ser mais somente meu

Se o verso quiser melodia
Pedirá a mim ou a outro parceiro
E virá com um manto sagrado
Anunciando que mais um samba nasceu

É colo gostoso de ninar
É carinho é chamego pra acalentar

É... quem faz o meu dia ter mais sabor
É... quem afaga meu peito somente no olhar
É... pros meus sonhos um lápis de cor
É... quem sabe ao certo o que vou precisar

É... abaixo de Deus a maior proteção
É... a maior riqueza que alguém pode ter
É... minha flor soberana em qualquer estação
É... não tinha mundo pra mim se não fosse você

É colo gostoso de ninar
É carinho é chamego pra acalentar

Tem... o perfume colhido nos campos do amor
Tem ... a canção que embala a ciranda da vida
Tem... o ventre esculpido pelo Criador
Tem... um coração repleto de paz e guarida

Tem... versos de Drummond no seu caminhar
Tem... o saber que os livros não podem conter
Tem... a palavra oportuna pra me ajudar
Tem... um mundo lindo nas mãos pra me oferecer

É no balanço do trem
É nesse embalo que eu vou
Nesse mercado trabalha
O filho, o pai e o avô
E a cada nova estação
Sempre uma nova surpresa
Tem aperitivo, tem refeição e tem sobremesa

Tem cerva gelada e pra molecada tem guaraná
Tem coca-cola, água, batatinha e amendoim japonês
E tem também caça palavras e palavra cruzada
Que já vem com caneta
Pra facilitar e entreter o freguês
Em certos momentos há um alarido
Um sufoco geral
Um corre corre tentando salvar a sua salvação
É quando chega o segurança o homem do rapa
Aí é que o choro se alastra
Fazendo partir o meu coração...

Sente só, tem pilha, tem rádio, martelo
Tem rack pro som
Cocada, pipoca, paçoca
Pra cárie chiclete do bom
Isqueiro, chaveiro, adesivo, cinzeiro e óculos de sol
Adubo e facão, semente de girassol
Tem grampo, gravata e chuteira
Tigela, Bombril, frigideira
Chapéu, peruca e cachimbo
Corrente, pulseira e brinco
E como não podia faltar
Tem a torre que informa
Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma...

Morador de rua, infeliz escolha
Última opção, viver sem favor
Final da vaidade, apesar dos pesares
Atitude com dignidade
Dessa virtude nem sabe, nem sabe

Na sarjeta caído, demonstrando cansaço
E ao me aproximar me senti tão fraco
Então repassei meu olhar no teu
Vi o fim da sua dor
Nele vi seu adeus

Se entregou ao rigor da calçada em fracasso
Farrapo, surrado, velho cobertor
Disse sim a submissão
Viveu com provação
Indigente agora uma cova
Sem documentação
Sem velório, sem choro, sem flores, sem velas
Quase sem caixão

Infelicidade, auto-punição
Verdadeiro inferno, oh meu Pai Eterno
Lhe dê um lugar no céu
Como compensação
Ou última opção

Olaria já tem tradição
O samba em sua raiz
Já faz parte do dia-a-dia
De quem vive no Olaria
E o som do tambor
A ecoar pelas favelas
Em cada beco e viela
Da Vila Prudente a Vila Rosa
Lá vem a mulata que é toda prosa

Batendo na mão
Sambando no pé

As noites no Olaria não tem fim
É sempre assim, até clarear
Um laço forte de sinceridade
Dá sentido a amizade
Faz do samba coisa natural

Quero ver sambar Ioiô
Quero ver sambar Iaiá
Sou sambista sim senhor
Tenho orgulho em preservar
A cultura popular

Quem sou eu pra julgar
A vida de alguém
Sua roupa vulgar
O amor de ninguém
Quem sou eu pra falar da pintura em seu rosto
Ela pode ajudar a esconder o desgosto

Quem sou eu pra tentar
O caminho mostrar
Se vagando sem rumo, pude apreciar
E essa doce visão, pode alimentar
O meu coração, no desejo de amar, de amar

Sei que as esquinas da vida podem trazer
O sofrimento e a dor
E pra quê atirar, uma pedra em você
Se eu sou a própria imagem do pecador

Helena
Helena teu palpite me ajudou
O bilhete que escolhestes
A dezena em primeiro acertou

Estou aqui
Pra tentar de novo a sorte
Quem sabe viajo para o Norte
Acertando o milhar

Se desta vez
Depender dos lindos olhos
E desse jeito brejeiro
Garanto que vamos ganhar

Sonhar é bom
E o bom sonho tem seu preço
E este se bem reconheço
Dura até a grana acabar

E na raça a linda cor da esperança
Sou negro
Eu trago no corpo marcas e lembras
De Ketu
Cabelo trançado, magia na dança, feitiço no olhar
Correntes serradas, sorriso verdade, amém saravá

Escute o lamento do negro na senzala
É dor, sofrimento o corpo cala
Com lágrima, sangue e humilhação
Trazidos em navios negreiros em batalhas
Sendo obrigados sem ter falhas
A conquistar a história de uma nação

E tendo uma vida sofrida só restava a fé
Tambores do candomblé
Orixá se mostrou
Sentido a pisada forte do negro guerreiro
O samba nasceu no terreiro, no Brasil se firmou

Não vai na onda estrela não
Que é todo seu esse mar
Esquece o céu ilusão
Onde não podes reinar

Estrela do mar não pode luzir lá no céu (lá no céu)
Não pode ser guia (amparar)
Na rebeldia da onda estrela
Pode sua vida ceifar

Te expulsa do mar (o do mar)
Te joga na areia (areia, areia)
Ao assédio do Sol (o do Sol)
Não podes voltar

Que triste sorte então
Teve a estrela do mar
Não deu ouvido a razão
Com a onda quis viajar

Pobre estrela vencida
O céu não pode alcançar
Na areia perdeu sua vida
E a sua vida era o mar

Eu vou buscar na fé minha crença
Pra nunca mais sofrer tanta dor
Eu vou rezar de noite e de dia
Pai Nosso, Ave Maria, pra não sofrer desamor

É que o amor quando chega na vida da gente
Traz loucura inconsequente e no faz tão sofredor
Mas é com essa força que eu sigo o caminho
Sempre buscando carinho de um novo amor

Eu tenho na fé o amor que eu vou encontrar
Que venha cheio de luz
Pro meu coração não chorar

Uma flor pra quem se ama
Na pureza de um simples olhar
Uma estrada coberta de rosas
Para meu amor passar
Cachoeira de água de cheiro
Pra poder te banhar
A leveza do toque da seda
Eu sinto em teu corpo ao acariciar

Foi Deus quem mandou você
Foi Deus quem mandou você

A chuva a molhar nossos corpos na areia
É a benção da Mãe do amor
O mar se empolga e se faz maré cheia
Transborda em desejo, paixão e calor
Sou dono do céu te ofereço uma estrela
Que em seu caminho se põe a brilhar
Teus olhos parecem que flertam com a Lua
Que admira seu corpo até o Sol despertar

Ô o o o o o o!
Ô o o o o!

A mão que esquentou no tambor
Na palma da mão cirandô
Traçada por linhas guerreia
O punho cerrou lutou

Na festa dos quilombolas
Transcende o canto da cor num clamor
Em noite de lua a princesa
Zacimba libertou
E o negro livre cantou

Na batida do tambor, ao som do cavaco e da viola
É neste ritmo que eu vou ,eu vou eu vou
É neste ritmo que eu vou eu vou eu vou

A roda de samba esquentou
Morena chegou balançou
Com o seu jeito faceiro
Seu remelexo maneiro
Contagiou, e contagiou( bis)
É samba de roda oh,oh,oh
Canto do terreiro oh,oh oh
Exaltando os versos oh,oh,oh
Do compositor oh,oh
Que canta para lua oh,oh,oh
Que canta pro vento oh,oh,oh
Espalhando poesia oh.oh,oh
É o compositor, na batida do tambor...

Na batida do tambor

Eh! Candeeiro, que ilumina este terreiro
Eh! Candeeiro, que ilumina este terreiro
Linda noite enluarada
Vou cantando pra expulsar minha mágoa

A mulata mais faceira
Samba só pra me atiçar
Brilha mais que a Lua cheia
Faz a gente se encantar
É na paz do seu sorriso
Que me entrego a sedução
Peço mais uma cerveja
Pra acalmar meu coração

És pra mim tão preciosa
A razão do meu letrado
A mulata mais garbosa
Tem feitiço em seu requebrado
Fui rendido por seu beijo
Tornei-me escravo da paixão
E sob a luz do Candeeiro
Lhe entreguei meu coração

A esperança nunca deve morrer
Em cima de uma cadeira
Faço minha vida valer

Sentado eu olho pra frente e pros lados
E sofro um bocado por não encontrar direção
Chego a pensar que está tudo acabado
Tamanho o descaso e a falta de compreensão
Mas toda a dificuldade
Resume a falta de acessibilidade
Humanidade é a súplica do meu grito
Perdi os movimentos
Mas não os sentidos

A esperança...

Tu levas vida de fidalgo
Mas não é feliz como eu sou
Eu ando a pé, ando por todos os lugares
Conheço gente aos milhares
E falo sem arrogância
E você mesmo com tanto dinheiro
Não tem nenhum companheiro
Somente seus seguranças
Que adianta ser fidalgo
Mude a sua atitude
Que o ouro não te dá paz e saúde
Dinheiro não é tudo meu amigo
Se a liberdade não está contigo
A diferença entre eu e você
Eu tenho amigos e tu tens o poder

Mas eu não ligo digo com sinceridade
O que mais tem valor nessa vida
É uma boa amizade
Tu levas vida de fidalgo
Mas não é feliz como eu sou

Nenê tu és
A mais bela, a mais querida
Encantadora, sedutora de corações
Faz vibrar com emoção
Razão da minha vida

Era fim de madrugada
Com a alma lavada a gigante acordou
Iluminada entre as estrelas e a lua deslumbrou
Em busca de um novo horizonte
Imaginei, cantei, viajei nas asas da ilusão
No céu azul o guardião, seu Nenê
Alberto Alves o imortal, aplaude a renovação
No semblante um sorriso, um abraço apertado
Um aperto de mão
Naquela linda manhã, guerreira altaneira voou
Almejou o apogeu
Minha águia é alegria,faz um brinde a poesia
A vila renasceu

Eu de camisa de seda, bermuda alinhada e chapéu panamá
Um sol escaldante, motivo importante, um caso familiar
Lindas folhas ao vento, é um casamento
Não é de um amigo e sim de um irmão
Que Deus ilumine com a graça divina essa união
(Ela roubou seu coração)

Ele um rapaz boa pinta tem como virtude a honestidade
Ganhador de um prêmio de loteria lá da sua cidade
Mas como diz o ditado, bem discriminado
Quem tem sorte no jogo tem azar no amor
Foi casar com Sofia, filha da sua tia e o caldo entornou
(Isso vai dar um bololô)

Ela no auge dos vinte, queimada de praia, um amor de pequena
Faz grande sucesso nos bailes funk lá da Vila Ema
Sonha em ser convidado pra participar de um reality show e daí então
Ser modelo e atriz, quem sabe até miss
E ir morar no Leblon
(E dar um pé no paspalhão)

Mas ele nem desconfia que a linda Sofia a todos seduz
Que é mais concorrida que uma vaga no SUS
Jardim Iva, Grimaldi, Imperador
Toda Sapopemba até São Mateus
Vai ganhar um milhão quem nunca provou os carinhos teus
(Mas já não é problema meu)

Não, eu não sou rei
Mas lhe afirmo sem pensar
Já tomei a decisão
Minha palavra é uma só
E atrás não vou voltar

Pode dizer que ainda me ama
Que toda noite o teu corpo me chama
Que preparou uma mandinga de amor
Pra novamente sentir o meu calor
Pode usar o artifício que for
Não vou deixar meu argumento se curvar

Pode chorar
Com você não vivo mais
Vai cuidar de sua vida
Já disse a você não volto atrás