2º Caderno

Eu sonho com o dia em que vou ver
Sambistas reunidos pra valer
Sem orgulho, sem inveja ou vaidade
Unindo as mãos e corações de verdade
Eu sonho com o dia em que vou ver
Falsos sorrisos e tapinhas fenecer
Ninguém falando mal pelas costas
Pois do samba somos todos patriotas

Quero escutar...
Cavaco e viola afinados
E o batucar...
Na cadência dos educados
O preconceito dando lugar a liberdade
Todos cantando um lindo canto de felicidade

Vamos cantar...
Cantar... pois chegou a hora
Vamos dar um basta na hipocrisia
Valorizar e cantar com alegria
O samba de hoje e de outrora

Teu sorriso me alegra e acalma
Teu sorriso inebria minh'alma
Quando bateste a porta
Dizendo ir embora e não voltar jamais
Hoje vejo que pensaste
Para traz retornaste junto com minha paz

Muitas noites tentando afastar a solidão
Tendo como companheiro somente meu violão
O grande vazio cravado no peito
Perdi a moral e quase o respeito
Agora já me sinto bem melhor
Com você por perto volto a ser pedra mor
O grande vazio cravado no peito
Perdi a moral e quase o respeito
Na realidade quase vi meu fim
Nunca mais tente viver longe de mim

É nois...é nois
Eu sei que quem paga a conta é nois

Pago imposto da paquera
Pago imposto pra ficar
E se sou casado eu pago pra separar
Quando chega a eleição, você vem me procurar
Com o sorriso escancarado,braços abertos pra me abraçar
Mas a sua campanha é cara, eu já sei quem v ai paga...

No país de tanto imposto, não sei mais o que fazer
Pago imposto do cigarro, to pagando pra morrer
E você na miguelagem conseguiu se eleger
Não come mais prato feito, sói champanhe e caviar
Sua conta fica alta,mas eu sei quem vai paga...

A maioria dos carro anda, mas não pode andar
Multa de farol fechado ou proibido estacionar
E se passar do 60 chega a foto do radar
Pra você não chega nada só viaja de jato pra lá e pra cá
Toda essa mordomia eu já sei quem vai paga...

Eu não sei jurar em vão
Pois todo falso amor se acaba
Perece afinal com as juras do amor
Padece do mal da dor
Faz brotar o desamor

Vai se libertar
Pra conquistar a paz das manhãs
As flores do amor se abrirão enfim
Cabe a você esquecer de mim
Guarde o seu amor
A quem dispor
Dos mesmos sentimentos
E sentiras o gosto bom de amar
E ser amado verdadeiramente

Lá no morro não vai água na torneira
Ai meu Deus quem me dera
Nega sobe com a lata na cabeça
Cantando é o retrato da favela
Lá no morro existe paz, existe guerra
Tem riqueza tem miséria
A favela tem a sua própria lei
O que vê não se revela

Tem a lua tem o sol
Tem samba tem futebol
Pra essa gente alegra
Também tem bala perdida
Tem a mãe comovida
Pelo filho a chorar

Eeee... favela
A nega sobe o morro a cantar
Lata d'água na cabeça
Tristeza e alegria no mesmo lugar

Eeee... favela
Essa gente sofrida
É quem sabe te amar
Cheia de felicidade
Abandonada pela sociedade

O médico - A noticia
Acostumado - Me avisou
Um filho - Suas lágrimas
Seu coração - Dilaceradooooo...
Caiu no chão !

Nesse momento o desespero
Tomou conta desse filho
Sem saber o que fazer
Será que vai suportar
Em clemência pede a Deus
Não consegue acreditar ...

Fleches e lembranças
Da infância vem à mente
Relembrando bons momentos
Que viveu com sua mãe
Quem escreve essa canção
É o seu filho Que carrega eternamente...

O amor de sua Mãe
Oh minha Mãe
Virgem Maria
Estas com Deus
Descanse em Paz...

A tarde já chegou
Com ela as gotas de verão
Vieram pra me purificar
Apagar de vez o que ficou pra traz

Seu gotejo me trouxe a luz
Inspiração para nobres poesias
Renovou meu sentimento
E trouxe alento pra melhores dias...

Lavou minh’a alma me presenteou
Com novo amor nova euforia
A nostalgia me abandou
E o meu canto hoje contagia...

Era fim de madrugada, e eu querendo descansar...
Mas o Tico e o Teco, não queriam desligar...
Entraram em divergência, isso só pra variar...
É que o Tico quis um teco, mas o Teco não quis dar...

Teco usou tudo sozinho e não quis compartilhar
Disse que se Tico teca, ele tem "tic "sem parar
E o Tico por sua vez, disse que Teco de tanto tecar
Toda vez ele tem um treco,e o Tico com um tico tem que segurar

Teco é meio emburrado, não é muito de conversar
Entretanto, quando teca ele fala sem parar...
E no Tico é o contrário ele é de tagarelar
Porém se ele esta tecado, trava o seu maxilar...

Um na nóia por demais ter tecado, outra na nóia por nada tecar
Foram parar em boteco, no auge do mal estar,
Teco tinha um perereco, mocosado no seu calcanhar
Se escondeu deu um repeteco sem o Tico se ligar...

Teco já injuriado de tanto o Tico atazanar
Deu um Teco para o Tico, pra ele parar de perturbar
Tic tac no relógio, vejo o dia clarear...
Tico e Teco se abraçam.....vamos todos descansar...

Um terreiro de bambas
Onde louvam o samba
E levam a alegria
Lindas poesias
E calor aos corações

E com amor, muito amor
Cantam sambas
Que ali se faz
Tão lindas melodias
Que nos faz arrepiar
Traz a paz e ilumina
E essa luz nos inspira
Formoso é o samba
De grandes sambistas
Que defende a tradição

Julgamento
Infelizmente foi o que você fez de mim
Desrespeitou um sacramento
Laços matrimoniais chegaram ao fim

Não soube lidar com as divergências
Deixando exaurir algo de valor
Tudo que se faz tem uma conseqüência
O que era bom pra mim
Pra você não foi...

Promessas se perderam pelo caminho
Demos nossa palavra, Deus testemunhou
Não cumprimos a lei descrita em pergaminhos
No fim quem nos julgará será nosso Senhor

Bebi na taça
Desse corpo moreno
O doce vinho da paixão
Meu coração embriagado
Cambaleando, sem medo da desilusão

Gostoso é compartilhar
Um coquetel ao luar
Trocar caricias de amor com você...mulher
Mas se resolver me deixar
Não pense que eu vou chorar
Faz tempo que meu velho pranto secou
Eu jamais tive medo do tal dissabor
Bom malandro não morre do mal de amor

Feliz é aquele que sonha um mundo melhor
Que mesmo sem vintém estampa o rosto de alegria
Na se deixa levar pelas dores da vida
Não cruza os braços esperando ajuda do céu
Pois vive sempre a lutar
Com a benção de seu protetor vencer no dia a dia

Enquanto o poder enriquece e cai na folia
O pobre vai sendo esquecido na periferia
Mas mesmo com essa diferença
Esse descaso social
O povo unido transforma a esperança imortal

Vamo vadiar!
Ora nego!
Vamo vadiar!

Vai pro pé da bateria
Esperar a louvação
E ao santo que te guia
Peça sua proteção
Pra quando o cantador
Volta do mundo chamar
Vai fazer jogo de Angola
Vai pra roda vadiar...

Meia-lua e cabeçada
Faz parte da tradição
E até rasteira vale
Quando é vadiação
Gunga vem dizendo forte
Para médio segurar
Enquanto a viola chora
Para o povo se alegrar...

Vou lhe contar uma história
Do meu tempo de menino
Quando a vovó Aurora
Olhava a chuva sorrindo
Relembrava da aldeia e o tempo da escravidão
Do quilombo de Palmares e da lenha do fogão
E o candeeiro que iluminava o quintal
Com a sua reza forte ela ficou imortal

Ora Iê...Ora iê cambará
Ora Iê...Ora iê cambará
Bate forte na madeira
Lá no pé do meu gongá

Vovó Aurora que viveu tempos atrás
Seus cabelos bem branquinhos
Hoje não existem mais
Foi para o céu e de lá fica exigindo
Que aqui se dance certo
O gostoso miudinho...

No sertão
Um banho na ribeira
O ranger do balanço daquela velha cadeira
O sol Solano o mato
Matando de sede o gado
Queimando o verde do pasto
Mais o sertanejo matuto
Com o olhar cansado
Vê suas mãos calejadas
Suas botas rasgadas e a camisa sem botão
Senta ao chão á luz do lampião
Ascende o cigarro de palha
Fuma ao ouvir o canto da cigarra
Tragando a ilusão

Pede que chuva caísse do céu
Pra lavar sua terra
Vermelha de barro seco
De cabo de guerra

Foi Madrinha Eunice
Quem me disse
Que a historia do samba daqui
Tinha que ser recontada
Recordada por quem é de fato sambista
Paulista que traz na alma a batucada
Enraizada no jongos, umbandas e candomblés
Reacendendo a chama do Lavapés
Eu peço licença a vodus, aos orixás e inkisses
Pra contar o sonho que tive com Madrinha Eunice

Vai Buscar lá no Largo da Banana
A tradição africana, paulistana
Se desfaça dos grilhões
Pra entender os primeiros cordões
É preciso deixar a garoa penetrar no peito

Que Madrinha Eunice falou...

Eu vou pedir pra São Jorge Guerreiro
Que traz a verdade e a justiça no peito
Proteja estas mulheres
Que buscam os seus direitos

Tem mulheres que trabalham
Agüentando humilhação
Na indústria e comércio
E também na construção
Bailarina, Dançarina
Modelo e atriz
Todas elas contribuem
Para o bem deste país...

Mulheres que ganham a vida
Quando o sol se esconde
Tem mulheres na torcida
E comandando o futebol
Mulheres destemidas
Que enfrentam o submundo
Arriscando a própria vida
Combatendo vagabundo...

Delegadas, escrivãs
Policiais, investigadoras
Sem deixar de ser mulheres
Amantes e sedutoras
Mulheres nos tribunais
Defendendo nossa gente
Provando que é capaz
Até surgiu uma presidente...

O samba que eu fiz
Tirei da gaveta
Carrego no peito
Em qualquer lugar
Por onde eu caminhar
Te levo comigo
Te dou um abrigo
Nas cordas do meu violão
Tentei te abrigar no terreiro sul
Mas o santo de lá não bateu com o meu
É que o santo que eu tenho é forte
Me ilumina e me traz a sorte
Encontrei o refúgio perfeito pra minha canção

No “Terreiro de Compositores”
Eu vi o meu samba crescer
E a cada refrão florescer
Cada verso formando raiz
Tudo que eu sempre quis
Foi cantar o meu samba
Sem ter julgamento de ninguém
Pois no samba não se pode ter juiz
Sou mais um aprendiz eu sei
Mas freqüento um terreiro com pinta de bamba
Foi onde me deram espaço pra cantar meu samba

Linda melodia
Letra repleta de poesia
Senti meus olhos lacrimejarem
E chorei de emoção...
Misturada com a dor
É bem verdade
Quem cantou muito caprichou
Mas o meu nome sequer citou

Que pena não sobrou
Aplauso para mim
É triste mas a vida é mesmo assim
Compositor não tem valia
Na platéia ninguém sabia
Mas aquela obra me pertencia
Só fazendo aumentar em mim a insatisfação

Mesmo tendo em meu semblante estampado
Toda indignação...
Não mais lamento...
Resignado encontrei a inspiração

Pra escrever essa simples canção
E na minha imaginação
os aplausos que...não sobraram para mim
Se transformaram em aplausos sem fim

São Lucas...
Minha paixão no carnaval
E vem mostrar pra essa gente
Que és uma escola especial

Vermelho, preto e branco
É nosso manto
Na beira do campo se criou
Linda batucada
Ritmo envolvente
Na linha de frente
O samba se formou
E aí nasceu minha paixão
São Lucas mora no meu coração

Mãe Natureza esta clamando
Por tantas vezes enfurecida
Qual o seu último aviso?
O povo brinca... adivinhando
Até países estão sumindo
Os morros se desmoronando
Chuvas tão forte é o princípio
De alagamentos desumanos

Pagamos o preço da ingratidão
Até merecemos a poluição
Tantas florestas, viraram fumaça
Muitos animais, entrando em extinção

Pai Celestial, de bondade e pureza
Não deixe a mãe natureza, clamando em vão
Pai Celestial, de bondade e pureza
Não deixe a mãe natureza nesta situação

Tenho mil motivos pra chorar
O dobro de motivos pra sorrir
Por isso levo a vida a compor e a cantar
As coisas que eu aprendi

Aprendi me encantar com o teu sorriso
Com vontade de chorar
E me fez sorrir
Aprendi perder, me conformar
E foi preciso
Pra não perder o meu juízo
Perdi quando você partiu
Meu Deus foi só vontade de chorar
Mas hoje com você voltando
Um samba estou compondo pra comemorar

Eu tenho fé
E a fé se revela nas coisas singelas
No gosto de um bolo de fubá
Na doçura de um colo que nasce nos olhos
De quem põe a gente pra ninar
No amor de quem vive a cultura que exprime
De um povo uma história pra contar
E é por isso que eu sei que viver vale a pena
Por mais que se tenha que penar

Numa terra de jongo e viola
Procissão e apito de trem
Um caboclo oferece pousada, em noite estrelada
Ao amigo que vem
E escutando o rezar da mãe preta
Fecho os olhos e creio também
Na beleza de tudo que existe
E no fim do que é triste num simples amém

Eu vou te mandar um bilhete selado
Lacrado, pra ninguém violar
Quando ele chegar na sua mão
Leia com muita atenção
Tudo que eu quis te falar

Me perdoe a sinceridade atroz
Mas não entendi o que aconteceu entre nós
Vivíamos bem na harmonia da graça de Deus
E de repente você foi embora nem disse adeus...

Não sei se foi ciúmes, queixumes ou se foi a velha bebida
Fiquei perdido e desiludido com a sua partida
Peço perdão querida volta pro nosso barraco
Só nasce samba triste dos acordes do meu cavaco...

Eu não posso acreditar
Nesse disse me disse que anda rolando
Mesmo sendo conversa fiada
Eu vou fazer os meus planos
Se é verdade ou mentira
Eu já vou me preparar
Pois andam dizendo que em 2012
O mundo vai se acabar

Aquela vizinha que eu cobiçava
Vou tentar conquistar
O moderno TV de 42”
Por que não parcelar?
Todos os bens de consumo
Quero eu desfrutar
O imposto de renda
Eu não vou mais declarar...

As manias de pobre que tinha lá em casa
Já mandei cancelar
Vou viver só de luxo, bebendo champagne
Comendo caviar
Com dinheiro emprestado no banco
Que eu não pretendo pagar
Já avisei meu patrão
Que não vou mais trabalhar...

Agora a rotina é do bar para casa
E de casa pro bar
De manhã carteado, a tarde uma birita
E a noite um bilhar
Muito partido alto
Pra malandragem versar
Se a rádio não toca
Cantamos na mesa do bar...

É diferente o procedimento do ladrão
Varia sempre de acordo com a região

No Rio de Janeiro
Se aproxima o ladrão
A.R. 15 na mão
Chega dizendo: “perdeu mermão”
Recolhe o numerário
Chama de otário o ofendido
E sem vacilação,
Se manda pra Baixada foragido

Já em São Paulo
Ele chega de repente
Também de arma em punho
Anuncia o delinqüente:
“Levanta as mãos ô meu
E passa a grana pra cá
Dá linha na pipa, senão vou te fechar”

Mas em Brasília
O crime é mais sofisticado
Lá o meliante
Anda até engravatado
Discursa em prol da nação
Paga ou recebe o mensalão
Tem foro privilegiado
E nunca vai pra prisão

Samba de partido alto meu bem
Que vem do morro e do asfalto também
Da mais rica poesia melodias divinais
Samba é meu desabafo alivia meu cansaço
Quando eu canto em tristes aís

E lá vou eu pelas minhas madrugadas
A recordar sempre a minha doce amada
No entanto samba é minha alegria
Eu não largo a orgia desde muitos carnavais